O ritmo de crescimento de novas infecções do vírus HIV vem caindo mundialmente. Infelizmente, com isso, o hábito de se praticar sexo seguro também, como qualquer um que está no mercado percebe facilmente. Muita gente continua achando que contrair DSTs é algo que acontece com “os outros”. Talvez pior ainda, tem gente que já decidiu que se tornar soropositivo não é um problema tão grande assim – pode-se tomar remédios pelo resto da vida “sem problema” e, ueba!, agora que já infectou mesmo, não tem mais por que usar camisinha.
Errado. O vírus HIV é conhecidamente propenso a mutações, o que dificulta bastante seu tratamento e os esforços para se criar uma vacina. Tratamentos que funcionam bem com uma variante do vírus podem não funcionar com outra. Por isso que também é importante evitar a reinfecção.
Uma pesquisa divulgada ontem (22) e realizada em conjunto pela USP e pela Unifesp constatou que há novas variações do virus HIV circulando na população brasileira. Os cientistas acompanharam crianças e adolescentes que tiveram uma infecção vertical do vírus – o contraíram durante a amamentação ou durante o parto – e identificaram nelas variações mosaico do HIV. Ou seja, virus que são misturas de dois tipos diferentes do HIV.
“Como essas crianças, em geral, contraíram o vírus há menos tempo que os adultos, há cerca de 11 anos em média, nossa hipótese é de que os vírus circulantes no Brasil estão ganhando diversidade genética”, explicou Esper Kallás, professor da disciplina de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da USP. “E essa é uma fotografia de uma transmissão que ocorreu há mais de uma década. Hoje a variabilidade pode estar ainda maior.”
Cientistas russos também anunciaram recentemente a descoberta de uma nova variação do vírus HIV, identificada como 02_AG/A, que é ainda mais infecciosa que as variedades conhecidas até então. Encontrado pela primeira vez na cidade de Novosibirsk, na Sibéria, em 2006, esse novo vírus vem se espalhando pela região e áreas adjacentes rapidamente, sendo responsável por mais de 50% das novas infecções lá. O número de soropositivos que vivem na região de Novosibirsk saltou de aproximadamente 2 mil em 2007 para 15 mil em 2012, segundo o Centro Federal de AIDS da Rússia.
Segundo a ONU, as únicas regiões em que o número de novas infecções do HIV está crescendo é a Europa Oriental e a Ásia Central. Isso se deve à falta de verbas para a prevenção e tratamento, e à quase total falta de educação sobre o assunto. As escolas russas oferecem quase nenhuma educação sexual às crianças. Há até quem se oponha a qualquer tipo de educação sexual nas escolas de lá dizendo que a literatura russa “é a melhor educação sexual que existe”.
Eles ainda têm a desculpa da ignorância. Nós, brasileiros, não temos. Não há justificativa para qualquer comportamento que coloque em risco você mesmo – ou quem está junto de você.
Saiba mais com o Lado Bi do HIV e o Lado Bi da Rússia.