Há formas de se lutar pelos direitos dos homossexuais mais construtivas – e até, por que não dizer, eficientes – do que ir a um protesto por desencargo uma vez por ano. O trabalho da fotógrafa sul-africana Zanele Muholi é um exemplo dos efeitos mais profundos que o engajamento contínuo aliado a talento pode fazer para mudar percepções sobre a sexualidade.
Zanele vem de um país em que já é difícil ser mulher, quanto mais negra, quanto mais lésbica. Não são incomuns por lá histórias de garotas que sofrem de “estupro corretivo” quando são descobertas homossexuais. Desde 2006 a fotógrafa retrata em preto-e-branco a intimidade de lésbicas e trans-homens na série Faces and Phases. A intenção do trabalho é construir um protesto visual e deixar um registro, mapeando e preservando indivíduos de uma comunidade muitas vezes invisível para o futuro.
A própria fotógrafa declara: “Perante todos os desafios que nossa comunidade encontra diariamente, eu embarquei numa viagem de ativismo visual para forçar a visibilidade dos negros homossexuais. Faces and Phases trata de nossa história e dos conflitos que encaramos. “Faces” expressa a pessoa, e “Phases” significa a transição de um estágio da sexualidade ou expressão e experiência de gênero para outra. “Faces” também se refere ao confronto face-a-face entre eu mesma como fotógrafa/ativista e as muitas lésbicas, mulheres e trans-homens com quem eu tive que interagir em diversos lugares. As fotografias desta série atravessam lugares desde Gauteng, Cidade do Cabo, Mafikeng e Botsuana até a Suécia.”
Inicialmente Muholi retratava mulheres na África do Sul, mas a partir de 2008, ataques xenofóbicos e homofóbicos fizeram que uma imigração em massa ocorresse no país. Ela então decidiu expandir a série para incluir fotografias de mulheres em outras nações.
Confira abaixo algumas das fotografias da série.
Aprofunde a discussão sobre o cruzamento da negritude e a homossexualidade ouvindo o Lado Bi dos Negros.