A nova série da franquia Star Trek, Star Trek: Discovery, está empenhada em recapturar a inclusividade que é marca registrada da série clássica, aproveitando da maior abertura possível na televisão do século 21. É o que garantiu Bryan Fuller, o produtor da série, em palestra para a Television Critics Association, relata a revista Variety.
“Sem dúvida vamos ter um personagem homossexual”, afirmou Fuller, que já produziu séries respeitadas como Pushing Daisies, Dead Like Me e Hannibal. O produtor, que foi roteirista e co-produtor de Star Trek: Voyager, contou que ainda tem guardadas as pilhas de cartas raivosas que a série recebeu quando Sete de Nove, interpretada por Jeri Ryan, entrou no programa e boatos afirmavam que a personagem seria lésbica. “Prometi que, se tivesse a oportunidade de criar uma série para Star Trek, incluiria um personagem gay”, contou.
Fuller, que é abertamente gay, também acredita que a aceitação das redes de TV “aumentou muito” desde Star Trek: Voyager, e que muito disso se deve a Will & Grace. “Acho que evoluímos muito desde então; os direitos LGBT avançaram muito mais nesse período de tempo que os direitos raciais ou das mulheres.”
Assim como Star Trek: Voyager, a nova série terá uma mulher como protagonista. Numa iniciativa inovadora, no entanto, a personagem principal não será a capitã da nave. “Ela será tenente… com ressalvas”, revelou Fuller. “Ela tem a força, sensibilidade e uma neurose encantadora que é típica de quem decide explorar o espaço. Nós já vimos seis séries do ponto de vista do capitão. Acompanhar um personagem de uma perspectiva diferente, que tem uma outra dinâmica, com o capitão e com subordinados própriios, é algo que estou ansioso para explorar”.
A trama de Star Trek: Discovery vai se passar no “universo original” (e não no universo reboot dos filmes de Star Trek lançados desde 2009), dez anos antes da missão clássica do capitão Kirk, Spock, Suru e companhia. O núcleo central deve contar com sete personagens, com uma quantidade maior de alienígenas que o de costume, para destacar a diversidade de espécies e formas de vida que povoam a Frota Estelar. “Em geral as séries têm um personagem com uma cabeça estranha cercado de humanos, mas esse não vai ser o caso nessa série”, comemora.
A proximidade cronológica da série clássica pode fazer com que versões mais jovens dos personagens do primeiro Star Trek apareçam em Discover, mas só a partir da segunda temporada. “Antes de tudo, queremos estabelecer os personagens que criamos”, explica Fuller. Há grandes possibilidades de que Amanda Grayson, a mãe de Spock (que, para os não iniciados em Star Trek, é meio humano, meio vulcano) apareça em algum ponto da história.
Star Trek: Discover vai ser lançado apenas em streaming, no canal CBS All Access, o que libera o programa de algumas das restrições que são impostas a programas que passam na TV tradicional. Isso significa, afirmou Fuller, que há possibilidade de cenas mais fortes. Mas o produtor ainda está avaliando o quanto vai usar dessa liberdade, pois quer que o novo Star Trek ainda seja apropriado para telespectadores mais jovens. “Acho que vamos fazer duas ou três versões de cada cena e avaliar o que parece ficar bom na sala de edição”, pondera.
Brasileiros trekkers não precisam ficar ansiosos: a Netflix já anunciou em julho que comprou os direitos de exibição fora dos EUA de Star Trek: Discovery, e de todas as outras seis séries da franquia Star Trek. Vai ser necessário usar um teleportador pra tirar a gente da frente da TV.