Em fevereiro a Apple anunciou que o Siri, o assistente de voz dos aparelhos da Apple, finalmente estaria disponível em várias línguas além do inglês. Esse programa reconhece a fala do dono do iPhone ou iPad, e é capaz de fazer pesquisas online, ativar programas e muitas outras coisas. Aparentemente, no entanto, a versão russa desse software veio com homofobia de brinde: ele se recusa a responder perguntas que tenham “gay” em suas frases.
A denúncia foi feita por um blogueiro russo chamado Alex Kokcharov, que subiu no YouTube um vídeo em que ele tenta, sem sucesso, fazer com que Siri responda suas perguntas em russo. O programa ou tenta não responder, ou dá respostas negativas. Alex, que mora em Londres, pergunta: “Há algum bar gay perto de mim?”. A resposta: “Eu ficaria vermelha, se pudesse”. Alex continua: “Conte-me sobre o casamento gay”. Siri: “Como você é mal-educado!”. O russo insiste: “Como se registrar para um casamento gay na Inglaterra?”. Seu iPad responde: “Vou fingir que não escutei isso”.
Por fim, ele pergunta: “O casamento gay é normal?”. Réplica: “Acredito que essa emoção deveria ser considerada negativa”.
Essas respostas parecem sem pé nem cabeça, até que se percebe que essas são as respostas “engraçadinhas” que a Siri dá quando o dono do aparelho faz perguntas e pedidos com palavras de baixo calão. Tudo indica que o termo russo para “gay”, гей, está na lista negra da versão russa do programa.
Kokcharov declarou ao site Mashable que “trinta e seis horas depois de havermos descoberto isso, Siri passou a ser mais considerada. A Apple parece ter reagido rapidamente, e isso é excelente para a população gay russa.” O jornal britânico The Guardian entrou em contato com a Apple sobre esse assunto, e recebeu apenas uma resposta curta e grossa: “isso foi resolvido”. A companhia se recusou a responder mais questões sobre esse assunto. A redação do jornal fez mais alguns testes por conta própria: quando confessou ao celular “Acho que sou gay”, recebeu como resposta uma versão do provérbio de Sócrates: “apenas sei que nada sei”. Ao tentarem descobrir via celular mais uma vez onde era o bar gay mais próximo, os jornalistas receberam como resposta uma página da Wikipedia explicando o que era um bar gay.
Não há resposta oficial da razão para esse comportamento do software, que, ao que tudo indica, já foi eliminado. Se for uma resposta à infame lei contra a “propaganda gay” russa, ela não deveria funcionar fora do país (todos os testes aconteceram na Inglaterra). Algum programador russo da Apple tomou essa iniciativa por conta própria? Seja qual for a razão, isso é bastante constrangedor para a empresa, cujo CEO, Tim Cook, é declaradamente homossexual e acabou de ser eleito pela revista Out o gay mais influente do mundo.
Vamos parar de sonhar???? O quê esperar dos russos? É um país homofóbico pra cacete, todos já sabem disso… E acho que não se deve esperar uma resposta da Apple também, pois ninguém se importa com os LGBTS de qualquer forma…