Essa semana o LADO BI entrevista a historiadora Larissa Ibúmi Moreira, autora do livro “Vozes Transcendentes” (Hoo Editora), em que registra a história das principais figuras da nova cena musical brasileira, formada por artistas que contestam os padrões de gênero e de raça. “É um movimento musical que tem como fio condutor a diversidade, a pluralidade estética, musical e performática”, descreve. “É um grupo com enorme potência transformadora, principalmente para os jovens que se espelham neles.” Moreira traça as origens desse movimento até a Tropicália, mas aponta uma diferença importante: “A Tropicália foi cooptada por uma elite burguesa e intelectual. Esses artistas vêm da periferia”. Ela também aponta dois grandes responsáveis pelo seu surgimento: a internet (“a capacidade de se autopromover possibilita que esses músicos descartem as grandes gravadoras, tradicionalmente dominadas por homens cis héteros e brancos”) e as cotas nas universidades (“responsáveis por formarem uma intelectualidade negra periférica que agora quer reescrever sua própria história”). São músicos que escancaram sua homoafetividade e sua relação com o corpo, finaliza, muitas vezes chocando o público tradicional: “Eles trazem o corpo à performance. As pessoas acham que quando se coloca o corpo no palco aquilo não é intelectual, que se baixou o nível. A gente tem que quebrar isso também: corpo e mente são uma coisa só!”.
Episódios do podcast
MBT – Música Brasileira Transviada
“Saímos da música brasileira em que quem está no topo é o homem branco cis hétero”, diz historiadora.
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