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Rico Dalasam

Rico Dalasam: “ser uma bicha preta adolescente é uma glória, uma flor rara”

Esta semana o Lado Bi traz ao estúdio Rico Dalasam, o primeiro rapper brasileiro abertamente gay. Ele conta como foi crescer na periferia, lidando com o conflito entre sua sexualidade e a cultura com que se identificava: “Eu não tinha muito desejo de ir nas festas gays, porque eu não me via lá. Eu ia nas festas de rap, onde eu não pegava ninguém, mas era onde eu me via nas pessoas.” Hoje, ele abriu caminho em uma carreira bem-sucedida no rap, e, acredita, está mudando a maneira como o rap enxerga LGBTs: “Os orixás do rap respeitam o que eu faço: Mano Brown, Criolo, Emicida. Eu já fiz coisas com os maiores nomes, existe uma reciprocidade. Quando esses caras se veem em mim de algum jeito, isso quebra alguns conceitos que eles tinham em sua visão de mundo”. Dalasam critica a maneira como a indústria se apropria da cultura da periferia, sem lhe dar nada em troca: “O que bate aqui da periferia, quando bate, é alguma manifestação cultural que o hype aceita, alguma coisa da nossa imagem que o mundo branco aceita e acha válido se apropriar. Mas isso não dá retorno nenhum pra gente. A favela não recebe royalties de nada”. O rapper explica como usa sua imagem como arma: “A imagem para mim tem esse papel: se eu falar ninguém vai ouvir, então vou usar meu corpo como estandarte pra dizer que eu não me adequo. Quando todo dia morre alguém por ter atitude, isso passa além da mera atitude”. Ciente de seu papel como referência para jovens negros LGBT, ele celebra as identidades que se encontram em sua pessoa: “Ser uma bicha adolescente preta é uma glória, é uma borboleta rara, é um bicho bonito, uma flor rara. Hoje ter uma bicha preta pra ser ver na vida de um menino gay preto é algo mágico. Hoje eu me vejo neles e penso “caralho, eu não vivi os 14 anos”.

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