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Contos de fadas

Contos de fadas inclusivos são essenciais para as crianças, dizem autores

Uma Cinderela lésbica com uma fada-madrinha travesti; uma Chapeuzinho Vermelho negra; uma bruxa evangélica que tenta exorcizar os irmãos queer João e Maria. Essas são algumas das maneiras como os autores LGBT Renato Plotegher, Milly Lacombe e Daniel Wu estão reinventando os contos de fadas para a realidade do século 21. Atualizar a realidade e moral dessas histórias para a vida LGBT é importantíssimo: “Eu cresci sem me identificar com contos de fadas. Liam pra mim, e eu achava aquilo tudo meio alienígena. É difícil você crescer sem essa identificação,” lembra Lacombe. “Os contos de fadas passam morais para as crianças, e sempre se adaptaram a seus tempos. Nada mais justo que, agora que temos a noção da moral que queremos passar para a próxima geração, adaptá-los mais uma vez,” afirma Wu. A antropóloga Michele Escoura, que estudou a influência das princesas Disney sobre crianças, endossa o que os autores pensam: “No limite, as crianças aprendem com os contos de fadas os modelos de masculino e feminino, e qual é o modelo de ser gente mais valorizado na sociedade. Há uma desvalorização da sexualidade que não é heterossexual, e, no caso das mulheres, um pressuposto de que toda mulher precisa se casar, precisa do amor romântico para ser feliz.” Todos concordam que as crianças estão mais que preparadas para se depararem com a homossexualidade desde cedo: “minha prima pequena fez questão de dizer para a mãe dela que sabia que eu era gay e que queria ler meu conto”, lembra Plotegher.

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