Star Wars: O Despertar da Força é responsável por recordes de bilheteria, por trazer energia e interesses renovados à franquia, e por outra façanha: provar que o sexismo e o racismo não têm mais tanto poder sobre o gosto do público. Afinal, a maior bilheteria dos últimos anos tem como protagonistas uma mulher e um negro. Todos comemoram, certo? Todos, menos os fabricantes de brinquedo, que apostaram nos chavões sobre o gosto do público, e estão se dando mal. E, ao que tudo indica, por ordens da própria LucasFilm.
O sinal de alerta foi aceso no começo do ano, quando os fãs do último filme da franquia começaram a reclamar da ausência da protagonista de O Despertar da Força das prateleiras das lojas de brinquedos. O exemplo mais gritante disso é uma versão Star Wars do jogo Banco Imobiliário, que apresenta peões de quatro personagens: Finn (John Boyega), Luke Skywalker (Mark Hammill), Kylo Ren (Adam Driver) e Darth Vader (que sequer aparece no filme). Nada de Rey. A Hasbro, fabricante do jogo, se saiu com a desculpa de que não queria revelar qual era a história do filme antes de seu lançamento e deixou a personagem de fora, mas que versões futuras do jogo apresentarão a heroína.
Ao que tudo indica, no entanto, o fato de que é mais difícil encontrar Rey nas lojas de brinquedos que Luke Skywalker depois da queda do Império não é acidente. Uma fonte anônima revelou ao blog Sweatpants & Coffee que a ausência da personagem feminina se deve a instruções de executivos da própria Lucasfilm:
Em janeiro de 2015, vários fabricantes de brinquedos e produtos foram até a Luscasfilm no Letterman Center, em San Francisco. Numa série de encontros confidenciais, os fabricantes apresentaram suas ideias de produtos ligados ao tão esperado novo filme de Star Wars. Os representantes apresentaram, propuseram, discutiram, e concordaram quanto aos protótipos de produtos. As sementes das controvérsias que a Lucasfilm está encarando quando ao marketing e merchandising de O Despertar da Força foram plantadas nessas reuniões, de acordo com nossa fonte.
A fonte, que estava nessas reuniões, descreveu como versões iniciais de vários dos produtos apresentados à Lucasfilm apresentavam Rey com destaque. No início, as discussões foram positivas, mas conforme as reuniões se estendiam, um ou mais indivíduos demonstrou preocupação quanto à presença de personagens femininos nos produtos de Star Wars. Eventualmente, os fabricantes foram instruídos especificamente a excluir a personagem Rey de todos os produtos relacionados a Star Wars, afirma a fonte.
“Nós sabemos o que vende”, a fonte ouviu. “Nenhum garoto que ganhar um produto com uma personagem feminina.”
Lucasfilm não respondeu a pedidos para que comentasse a respeito até a publicação.
Rey, infelizmente, não está sozinha entre as heroínas ostracizadas dos filmes de aventura. Também é gritante a ausência da personagem Viúva Negra nos produtos criados para os filmes de Os Vingadores. No filme mais recente da série, a Viúva Negra pula de um avião montada numa moto, um momento marcante na trama. O brinquedo do avião vem com vários personagens masculinos, como o Capitão América, o Homem de Ferro e até Ultron. Mas nem sinal da Viúva Negra. Tudo aponta que a personagem é considerada “inútil” no mercado de brinquedos porque suas roupas são justas e sensuais demais – ou seja, a própria sensualização “necessária” para que haja uma personagem feminina forte no filme a torna “proibitiva” para as crianças.
John Marcotte, fundador da ONG Heroic Girls, dedicada a promover exemplos de mulheres fortes para garotas, afirma que os executivos estão desconectados com seu público. “Eu falei com pessoas na Disney, e eles foram completamente pegos de surpresa pela reação aos novos personagens de Star Wars. Eles investiram muito em divulgar e criar produtos para o personagem Kylo Ren. Eles supunham que ele seria o grande papel revelação do filme. Ficaram completamente surpresos quando todos se identificaram com Rey e procuravam mais coisas dela. Agora estão encalhados com pilhas de produtos do Kylo Ren, e têm que lidar com uma avalanche de reclamações sobre a falta de itens da Rey.”
A separação dos brinquedos por gênero não é algo “natural” ou “tradicional”, explica Elizabeth Sweet, professora de sociologia da Universidade da Califórnia em Davis. Suas análises de catálogos de brinquedos revelam que até os anos 1970, mais da maioria dos brinquedos não eram recomendados a apenas um gênero, enquanto hoje pouquíssimos são vendidos como brinquedos unissex.
Marcotte considera que essa segregação tem efeitos nos bolsos dos pais e na socialização das crianças. “Os fabricantes de brinquedos perceberam que poderiam aumentar as vendas ao criar brinquedos com alvos mais restritos. Ao invés de vender apenas uma bola, pode-se fazer uma bola rosa com uma figura de princesa, e fazer uma azul com um soldado. Agora pais têm que comprar dois brinquedos, um para sua filha e outro para seu filho. Com isso, meninos e meninas não brincam mais tão juntos quanto antes. Essas divisões de gênero moldam seus comportamentos para o resto da vida.”
A popularidade inesperada de Rey e Finn já afetou até mesmo a própria franquia. A estreia do próximo filme foi adiada, ao que tudo indica para que o script do Episódio VIII seja revisto e explore mais Rey, Finn e Poe.
Amigo os seus comentários estão equivocados. Você se baseou em um único brinquedo (no caso o Monopoly). Eu mesmo tenho duas Rey em miniatura da Hasbro, na versão black series e heróis. Procure em sites como saraiva e americanas que você vai encontrar antes mesmo de fazer uma crítica, pois as pessoas confiam no que você escreve.
estranho, sempre achei bonecos dela. unica parte da matéria que condiz com a realidade e a parte do jogo de tabuleiro
Acho que é válido comparar com outra franquia de sucesso que é usada em muito merchandising: Harry Potter. É simplesmente inconcebível que haja qualquer dificuldade em qualquer momento (mesmo quando os filmes estavam sendo lançados) de se encontrar produtos com a figura de Harry Potter, sejam bonecos, cadernos, jogos etc. Não basta existir alguns bonecos da Rey disponíveis para colecionadores que estão dispostos a fazer o esforço de encontrá-los. Rey é protagonista de Star Wars tanto quanto Harry Potter é protagonista de seus filmes. Nós deveríamos estar inundados pela figura dela. Não estamos.