Na semana passada, a Target, uma das maiores lojas de departamentos dos Estados Unidos anunciou em seu blog que ela deixará de ter placas sinalizadores de gênero, como “menino” e “menina”, em certos departamentos, como brinquedos e roupas de cama.
“Sabemos que as preferências e as necessidades de consumo mudaram e, como clientes têm apontado, em alguns departamentos, como brinquedos, cama, mesa e banho ou lazer, sugerir produtos por gênero é desnecessário.”
O texto do blog diz ainda: “Neste momento, nossas equipes estão trabalhando em toda a loja para identificar áreas onde podemos eliminar progressivamente a sinalização de gênero para ajudar a encontrar um equilíbrio melhor.” A história foi contada originalmente pelo Huffington Post.
Isso não significa, no entanto, que a loja vai eliminar esse tipo de sinalização em todas as suas áreas. Ainda de acordo com o blog, “em alguns casos, como vestuário, por exemplo, onde há diferenças de modelagem e tamanho, faz sentido”, dizem eles.
Aqui nos EUA, como creio eu aconteceria no Brasil, não faltou mimimi. No Twitter, críticos à decisão fizeram o de sempre: ameaçaram de boicote. Acho que podemos adicionar a Target àquela listinha de 379 empresas que apoiam igualdade de direitos.
Segundo eles, estes “sinais andróginos” vão tornar mais difícil para os consumidores a encontrar o que estão procurando. Detalhe que a Target não disse em nenhum momento que iria colocar placas com dizeres “brinquedos unissex” (lembram essa palavra, muito comum nas lojas de departamentos do Brasil nos anos 1980?).
Outros clientes disseram que não vai mais fazer compras na Target. Sei… Acho bem difícil, porque ontem mesmo fui à loja fazer compras e, além de ter de tudo, os preços são bem bons…
E como aqui as coisas são mais equilibradas em termos de conservadorismo e progressismo, teve gente que comemorou, como Rachel Simmons, co-fundadora da Leadership, grupo que apoia a capacitação e combate o bullying contra meninas. Para ela, a Target está lançando tendência.
O movimento vem dois meses após uma mãe do Estado americano de Ohio, Abi Bechtel, ter chamado a atenção da varejista para uma placa particularmente questionável em uma de suas lojas.
A placa tinha como indicação as expressões “building sets” e “girl’s buinding sets”, que em tradução livre para o português significam “jogos de montar” e “jogos de montar para meninas”.
Don’t do this, @Target pic.twitter.com/cfh3cp5Nqa
— Abi Bechtel (@abianne) 1 junho 2015
Na época, o tweet foi retuitado e curtido mais de 3.000 vezes. “Espero que a Target e outros varejistas prestem atenção a esta conversa e considerem a remoção de gênero em suas seções de brinquedos”, Bechtel disse à CNN na época. “Acho que a resposta esmagadora ao meu tweet é uma boa indicação de que há um grande número de consumidores que gostaria de ver esta mudança.”
Uma porta-voz da Target disse ao Huffington que a maioria dos compradores parece estar satisfeita com a nova política.
“Nós reconhecemos que sair do armário sobre essas mudanças fará com que as pessoas tenham uma ampla variedade de opiniões. A resposta dos clientes tem sido extremamente positiva”, disse Molly Snyder, gerente de relações públicas da empresa.
“Ai, mas na minha opinião existem brinquedos pra meninos e brinquedos pra meninas.” Ainda bem que, como já dissemos aqui outro dia, sua opinião baseada em preconceitos não anda valendo mais muita coisa.
A Lego, por exemplo, não acredita nisso desde os anos 1970, como você pode ver neste post que fizemos em 2013. E o choro continua livre para todos o públicos e idades.
Agora, se você ainda insiste nessa ideia ultrapassada sobre papeis entre gêneros, aqui vai abaixo um diagrama explicando melhor como você pode definir em sua casa o brinquedo mais adequado para seu filho.
[…] menos oprimidas pelos padrões tradicionais de gênero (outro gesto nesse sentido aconteceu quando a loja Target deixou de marcar suas seções de brinquedos como “para meninos” e “…). Mas não são apenas as molecas que vão ficar felizes: a coleção também conta com algumas […]
Isso me faz pensar como nós gays vamos lidar num mundo sem “sinais” do que representa masculinidade e do que não representa. Porque basta reparar no meio gay, nos apps, como os sinais são importantes, são guias, parece que sem eles o cara não vai saber o que tem que ser e fazer pra ser (visto como) macho. Ou seja, não é algo exatamente natural essa macheza toda.