Impersonator, fish queen, baby drag, alternativas… A noite carioca está cultivando os mais diversos tipos de drag queens, que variam das imitadoras às superfemininas às barbadas. Registrar esse movimento é a intenção da websérie Drag-se, produzida pela Suma Filmes. “A nova geração de drags que vem aparecendo na capital carioca nos últimos anos difere de outras gerações pelo fato de não o fazerem, necessariamente, como profissão”, explica o release do projeto. “Algumas se montam por hobby, outras por questões políticas e tem aquelas que fazem apenas por realização pessoal (ou porque ficam melhores de maquiagem), sem intenção de fazer disto uma forma de ganhar a vida. São conhecidas na noite carioca, todos a chamam pelos seus nomes e ninguém as perde de vista.”
Rebeca, Pandora, Aurora, Natalyia, Natasha, Sirena, Chloé, Azazel e Ravena são as personagens desse projeto, que está está buscando apoio via financiamento coletivo até dia 12 de outubro no Catarse. As recompensas vão de simples agradecimentos nos vídeos a aulas de automaquiagem dadas pelas protagonistas, a um ano de entrada VIP em baladas parceiras. O LADO BI entrevistou por e-mail Bia Medeiros, diretora do projeto, para saber mais sobre a série.
LADO BI Como e por que foram escolhidas essas drags para participarem dos miniepisódios?
BIA MEDEIROS As drags que participam do Drag-se são figurinhas carimbadas da noite carioca. Elas foram escolhidas por estilo e amizade. Além de terem personalidades marcantes, elas também são extremamente diversas entre si.
O reality show RuPaul’s Drag Race se tornou um ícone ao humanizar as drag queens. Vocês pretendem a mesma coisa com essa websérie? O que as drags gringas têm em comum com as brasileiras? E qual é a principal característica que torna a drag brasileira única?
A websérie pretende observar e mostrar um dia no cotidiano de uma drag queen, desde a vida dela no trabalho, faculdade, família até a montação e a ida a um evento. O objetivo é ser observativo, as conclusões ficam para os espectadores. Acho que fundamental em uma drag, seja queen, king ou faux, brasileira ou estrangeira, é a vontade de se montar e a coragem para tal, o resto é consequência.
Outra tentativa de fazer algo sobre drags brasileiras foi o quadro Glitter, do Ceará, que, apesar de se tornar um hit da web, não fez nada para melhorar a imagem das drags e da arte de ser drag na nossa cultura. Esse tipo de abordagem incomoda vocês? Quais são os cuidados que vocês estão tomando para que isso não se repita?
O Drag-se é uma websérie de temática universal, mas o nosso objeto são as drags cariocas. Drag é arte e arte é cultura, sendo ela erudita ou popular. Não cabe a nós dizer o que é bom ou ruim. O que temos em mente é fazer uma websérie com uma linguagem bem documental, já que a Suma filmes, produtora da websérie, é especializada em documentários de diversos formatos. Além de ter muito cuidado com xs personagens, já que eles são nossos amigos e parceiros, nós queremos edificar a cultura drag e fortalecer a já tão rica cultura LGBT. Esperamos ser bem sucedidos não só no financiamento coletivo como no fortalecimento da cultura drag e da causa LGBT em geral.
Um projeto como esse seria impossível sem financiamento coletivo? Há muito preconceito dentro das vias públicas de financiamento (editais, etc) contra projetos que abordem drag queens ou a comunidade LGBT em geral?
Existe a possibilidade de fazer via financiamento público, essa não é uma hipótese descartada já que queremos realizar essa websérie da maneira como pudermos. O crowdfunding, porém, além de ajudar financeiramente, gera uma rede de apoiadores que podem colaborar também com conteúdo, visualização, a participação coletiva, o que faz com que o projeto cresça, fique mais encorpado de várias maneiras. Pra gente é fundamental que essa websérie esteja no YouTube, que é uma janela de fácil e amplo acesso, ajudando assim a levantar discussões e combater preconceitos.
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