“Eles pediram uma garota com 1,88 m de altura, 35-25-35. Eles não perguntaram se ela tem pênis ou não.” Essa é uma das falas utilizadas para resumir Strut, o novo reality show do canal norte-americano Oxygen que vai acompanhar a vida de cinco modelos trânsgenero. A série vai estrear no dia 20 de setembro.
Produzido por Whoopi Goldberg, o programa pretende aproximar modelos e telespectadores mostrando situações que são comuns a todos, ao mesmo tempo que revela os conflitos particulares de ser transgênero. “Esse programa é importante agora por que, apesar de todos os avanços que a comunidade já fez e continua a fazer, ‘transgênero’ ainda é uma palavra polêmica que ativa a histeria nas pessoas”, comentou Goldberg à revista Variety. “As pessoas tendem a se concentrar nos estereótipos ao invés de prestar atenção nas pessoas, e essa série vai oferecer uma oportunidade única de se passar tempo com pessoas de verdade, que lutam com os mesmos desafios que nós todos enfrentamos quando abrimos nosso caminho no mundo. Pode-se até descobrir que esteve encontrando e interagindo com homens e mulheres trans sem perceber!”.
O elenco de Strut é composto por quatro mulheres trans, Dominique, Ren Spriggs, Arisce Wanzer e Isis King. Essa última foi a primeira modelo trans a competir em America’s Next Top Model. O programa também acompanha Laith De La Cruz, homem trans que ocupou a capa da revista britânica Attitude em junho. Eles são todos contratados da agência Slay, a primeira no mundo a se especializar em modelos transgênero.
“Dez anos atrás, nós nos escondíamos. Mas agora estamos numa nova era!”, comemora a modelo Dominique no trailer de Strut. Pelo aperitivo que foi divulgado ontem, podemos ver os modelos confrontando os padrões de beleza (“A beleza é delicada, e eu não vejo Arisce como uma pessoa ‘delicada'”, diz uma cliente), o escrutínio a que pessoas cis submetem pessoas trans (“Quando se é trans, as pessoas julgam você a todo momento, todos os dias”, explica Cruz) e conflitos familiares (“Eu tendo a falar com meu pai usando uma voz mais grossa”, admite Ren).
O trailer ainda resvala nos clichês da representação de trans na mídia – a hiperfeminilização (ou até hipermasculinização, no caso de Cruz) da pessoa, num esforço para “compensar” pelo fato da personagem não haver nascido com seu gênero verdadeiro, e o foco em questões sobre a genitália de indivíduos trans – mas, ao que parece, o balanço promete ser positivo.
Confira o trailer de Strut a seguir: