Aplicativos de “paquera” são populares por aproximar pessoas em busca de encontros casuais ou do príncipe encantado. A possibilidade de localizar pretendentes nos arredores, desde que o primeiro desses apps foi lançado, é exatamente um de seus grandes atrativos. Mas, em países como a Rússia e o Egito, Grindr, Hornet e tantas outras redes sociais gay podem tornar-se um risco para seus usuários. E, como revelou um estudo realizado no Japão, esse risco continua a existir mesmo quando usa-se as medidas de segurança oferecidas pelos aplicativos.
Em países em que a homofobia é praticamente institucionalizada, como a Rússia e várias nações islâmicas, gays são alvos de agressores homofóbicos que utilizam esses aplicativos para encontrar suas vítimas. No final de 2014, pesquisadores apontaram que apps que usam a localização de seus usuários poderiam colocá-los em risco:como exibem a distância entre uma pessoa e outra, indivíduos com más intenções poderiam cruzar as distâncias entre um usuário e três outros e descobrir sua localização, com uma técnica conhecida como trilateração. Em resposta a isso, o Grindr passou a oferecer a opção de se ocultar a distância exata dos usuários. Nos países reconhecidamente mais violentos contra gays, essa opção já vem ativada por padrão.
O pesquisador Nguyen Phong Hoang, da universidade de Kyoto, e dois colaboradores publicaram um artigo na revista Transactions on Advanced Communications Technology em que demonstram como é possível descobrir-se a posição dos usuários que utilizam o Grindr mesmo quando a opção de se esconder a distância do usuário está ativada. A mesma tecnologia que faz com que pretendentes desfilem pela tela do celular por ordem de distância acaba por revelar a posição exata de seus usuários. A técnica descoberta por Hoang é uma variação da trilateração básica: depois de criar contas fakes no Grindr, o cientista utiliza software que fornece aos servidores do app posições no GPS numa mesma região. Variando as coordenadas dessas contas para posições um pouco mais perto e um pouco mais distante do alvo, hackers poderiam analisar como a ordem em que a vítima aparece no aplicativo varia, e assim traçar a área em que ela se encontra. “Com essas distâncias, basta desenhar seis círculos, e a intersecção desses seis círculos fornecerá a localização do alvo”, declarou Hoang à revista Wired.
Em demonstração, Hoang, do Japão, foi capaz de encontrar a localização de jornalistas nos EUA em pouco mais de 25 minutos. A mesma técnica pode ser utilizada para encontrar usuários de outros aplicativos, como Hornet, Jack’d e Tinder. Os pesquisadores também apontam outras falhas de segurança: esses aplicativos não usam criptografia ao enviar dados, o que permite que outros na mesma rede wi-fi consigam hackear suas informações, se quiserem.
Hoang afirma que sua equipe na Universidade de Kyoto deu atenção especial aos aplicativos gays por causa da vulnerabilidade da população LGBT à espionagem online. Em seu artigo, os autores citam casos de gays na Síria que são chamados para “encontros” por membros do Estado Islâmico, e em seguida são presos e linchados. Na Rússia há vários casos registrados de gays quem caem em armadilhas de grupos homofóbicos e são espancados. Para LGBTs ao redor do globo, concluem, não é exagero dizer que a privacidade digital é uma questão de vida ou morte.
É muita burrice usar aplicativos como este. É como a matéria diz, gente que pretende encontrar príncipes encantados, faz me rir, bem coisa de gente vulnerável e fútil. Ninguém é bonzinho nesse mundo.