Confira seis duetos inesquecíveis de David Bowie

Nós compartilhamos da obra de David Bowie. Outras pessoas tiveram um privilégio maior: compartilhar o palco com ele. Annie Lennox, Paul McCartney e Mick Jagger, Cher... confira alguns dos encontros mais siderais de sua carreira

por Marcio Caparica

Você tem que estar mais fora de órbita que o major Tom de “Space Oddity” para não saber que David Bowie, uma das pessoas mais criativas e criadoras do mundo, morreu hoje. Como bem descreveu Rodrigo Gerace, autor do livro Cinema Explícito , “David Bowie era a síntese de tudo o que eu gosto no mundo: contracultural, cinematográfico, queer, vanguardista, voz de veludo, libertário, extraterrestre, preto e branco, colorido, saturado, erótico, glam rock, exagerado, underground, dinamitado, transgressor, pop… Desde criança gostei dele, que me provocava com seu estilo, camaleônico, existindo em sua liberdade sem pedir licença.”

Nós tivemos a sorte de existirmos numa época em que pudemos usufruir das criações de Bowie. Vários outros artistas conseguiram ainda mais: compartilharam o palco e os microfones com ele. Confira a seguir alguns dos duetos mais bacanas que Bowie deixou para nós, terráqueos.

The stars look very different today.

“Young Americans Medley”, David Bowie & Cher

David Bowie fez uma paricipação no The Cher Show em 1975, na qual os dois apresentaram um apanhado de hits das décadas anteriores. Entre as canções estão “Song Sung Blue”, de Neil Diamond; “One”, de Three Dog Night; “Da Doo Ron Ron”, de the Crystals; “Wedding Bell Blues”, de Laura Nyro; “Maybe”, de The Chantels; “Maybe Baby”, de Buddy Holly; “Day Tripper”, dos Beatles;  “Blue Moon”, de Rodgers and Hart; “Only You”, dos Platters; e “Ain’t No Sunshine”, de Bill Withers. Cher resolveu usar uma peruca ruiva nesse número para ornar com o cabelo de Bowie.

“Under Pressure”, Annie Lennox & David Bowie (feat. Queen)

Essa música em si já é um dos maiores combos musicais do século 20: uma composição criada em conjunto por Bowie e Queen. A composição quase não aconteceu: Bowie fora convidado para cantar uma música chamada “Cool Cat” no álbum do Queen, mas detestou o resultado e vetou a faixa. Bowie e Queen se uniram para produzir algo que a substituísse, e assim surgiu “Under Pressure”. Brian May, guitarrista do Queen, já reconheceu que essa canção foi composta quase totalmente por Bowie, inclusive a famosa linha de baixo. Em 1992, o raio musical caiu pela segunda vez no mesmo lugar: num show de tributo a Freddie Mercury, Bowie gravou “Under Pressure” ao vivo com a diva Annie Lennox. Até as aranhas de Marte pararam para ver.

“Let’s Dance”, Tina Turner & David Bowie

Em 1984 Bowie compôs a canção “Tonight” com Iggy Pop, e posteriormente regravou essa canção com Tina Turner para o álbum de mesmo nome. Você pode conferir essa música aqui. Eu, no entanto, escolhi essa gravação da dupla cantando dois “Let’s Dance”, porque eles estão se divertindo tanto, tanto, tanto, que espanta a tristeza desse dia de luto.

“Dancing In The Street”, David Bowie, Mick Jagger & Paul McCartney

O clipe original dessa música, em que Bowie e Jagger mostram o melhor da moda dos anos 1980 e abusam dos clichês dos videoclipes dessa época (pulos do nada, câmera lenta, dancinhas divertidas e zooms na bunda) é histórico. Agora, um encontro dos dois com Paul McCartney? Eu dava um dedo mindinho para estar no gargarejo desse palco.

“Hallo Spaceboy”, David Bowie & The Foo Fighters

Mais uma composição que já é um encontro do melhor dos melhores: “Hallo Spaceboy” originalmente é um encontro eletrônico de outro mundo entre David Bowie e Pet Shop Boys (“do you like girls or boys? It’s confusing these days”, eles cantavam em 1995, sempre na vanguarda). Essa versão junto com os Foo Fighters traz outra dimensão para essa canção, energética e sombria. Só para mostrar que Bowie conseguia fazer tudo.

“Little Drummer Boy”, Bing Crosby & David Bowie

Esse é um dos duetos mais improváveis da TV mundial. No fim dos anos 1970, Bowie estava querendo deixar para trás sua fase Ziggy Stardust, e, com a intenção de “normalizar” um pouco sua imagem, aceitou participar de um especial de Natal com Big Crosby – o equivalente da época dos especiais de fim de ano do Roberto Carlos. Calhou que este foi o último especial de fim de ano que Crosby gravaria – ele morreu pouco depois, logo antes do Natal.

Bônus: o livro infantil de “Space Oddity”

Em 2011 o cartunista Andrew Kolb colocou em seu site as ilustrações que havia feito para acompanhar a canção “Space Oddity”, transformando essa música num livro infantil. Sua esperança era atrair contribuições de fãs para publicá-lo. Infelizmente, ao que tudo indica, Bowie não liberou os direitos sobre sua obra, o ilustrador teve que pixalizar os versos da música na versão que existe em seu portfólio, e pais descolados do mundo todo perderam a oportunidade de ler para seus filhos o que provavelmente seria o livro infantil mais triste da face da Terra. A criação ainda sobrevive, no entanto, no vídeo abaixo e em alguns artigos espalhados pelas revistas online.

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