O ódio e a intolerância não são coisas inerentes às pessoas, mas sim ensinadas. Mais um bom exemplo disso ocorreu no último final de semana, durante o festival Comfest, em Columbus, Ohio. A pequena Zea Bowling, de 7 anos, inconformada com o discurso de ódio proferido por um pastor na rua em que estava passando com seus pais, decidiu enfrentar o falastrão com um silencioso – e terrível – olhar de reprovação, enquanto lhe estendia a bandeira do arco-íris. O homofóbico perdeu o rebolado.
A cena foi registrada pela fotógrafa Mara Gruber no último sábado, um dia depois da decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que legalizou o casamento igualitário em todo país.
Ryan Bowling, o pai de Zea, relatou em entrevista ao site Raw Story o que havia acontecido logo antes dessa cena. “Um cara passou por nós gritando, em resposta ao que o pastor estava dizendo, e Zea me perguntou por que ele estava tão bravo. Quando eu disse a ela que ele estava assim por causa do pastor, que ainda não havia colocado o microfone, ela quis saber o que ele havia dito.”
Zea estava sentada num carrinho ao lado de seu irmão, e pediu para chegar mais perto do pastor para ouvir o que ele estava dizendo. “A reação inicial dela foi pura confusão, seguida de choque por não entender por que ele se deu o trabalho de ir até a Comfest só para ser tão mau“, continuou Ryan.
Bowling já havia contado à filha no dia anterior sobre a decisão da Suprema Corte. “Zea tem um sentido de justiça muito apurado a respeito disso tudo. Quando ficou sabendo da decisão de sexta, ela disse ‘Isso é o que eu quero há anos. Agora, se eu quiser me casar com uma menina, nós poderemos ser nós mesmas.”
Durante o vídeo, o pastor berra para Zea “Você pode viver uma vida plena de Seu poder redentor. Você teria alguém para cuidar de você. Esse mundo não vai lhe dar nada disso, esse mundo só vai lhe dar desilusão, esse mundo só vai lhe dar divórcio, esse mundo só vai lhe dar sofrimento.” Ela não lhe responde, apenas o encara, enquanto os transeuntes vêm cumprimentá-la. “As pessoas ao redor estavam sem dúvida do lado dela, imediatamente. Sério, teve gente que chegou a chorar. Eu honestamente nunca vi tanta gente tomando conta dela de uma vez só”, relembra Ryan Bowling. “Eu quase não filmei o momento. Era um evento muito forte, e eu tentei não me concentrar no celular. Um desconhecido a meu lado segurou o choro, e eu percebi que estava perdendo um momento importante.”
O pai de Zea publicou o vídeo na última segunda-feira. “O pastor murchou visivelmente quando viu minha filha se aproximar”, comemora. “Ele estava gritando coisas muito piores sobre sodomia e fogo dos infernos até ela chegar perto dele.”
Um comerciante local, com a autorização de Ryan Bowling, criou uma camiseta com uma estampa do encontro entre Zea e o pastor homofóbico. Os lucros das vendas da camiseta vão direto para Bowling, que por sua vez vai doar o que ganhar para uma instituição de caridade. “Zea deixou claro que deseja que esse dinheiro seja usado para ajudar crianças LGBT que precisam de um lugar em que possam se sentir seguras.”
“O mais tocante, no entanto, é que esse tipo de atitude ainda seja algo notável”, finaliza Bowling. “Minha filha trata as pessoas de forma decente porque são pessoas. Ela trata os outros com justiça porque quer ser tratada com justiça. Isso não deveria viralizar, deveria ser simplesmente como nós todos tratamos uns aos outros.“