Ok, foi uma agência de publicidade quem criou a hashtag #somostodosmacacos. Ok, como tudo que o Luciano Huck põe a mão vira merda, também achei de um oportunismo detestável, embora típico, usar o racismo para ganhar dinheiro, especialmente porque a camiseta dele é muito bosta, seja em design, seja na forma como se apropriou do termo. Mas, tirando todos os canalhas e oportunistas, eu acho a hashtag precisa e oportuna, afinal de contas, para quem, como eu, acredita na teoria evolucionista de Darwin, é muito óbvio que todos nós sejamos, em última instância, macacos. E se somos todos macacos, que tal se os negros, assim como os “viados”, se apropriassem do termo e esvaziassem seu sentido pejorativo?
Como toda polêmica tem muitos lados, andei lendo ontem diversos textos sobre como para os negros é ofensivo ouvir o termo macaco, já que, durante séculos, foram considerados animais sem alma (lembram do que o Feliciano disse?). Acreditem, eu sei como é isso. Como homossexual, também fui historicamente comparado a um animal, o veado, quando não a um endemoniado. E não é porque eu sou branco que não posso falar de racismo, já que entrei em brigas e discussões inúmeras contra esse tipo de opressão social durante minha vida toda e posso concluir que, quando o assunto é preconceito, viado, preto, mulher, puta, drag queen, travesti, nordestino, africano é tudo igual.
Ok, mas os tempos mudaram, vão-se 126 anos da abolição da escravatura e sabemos que em termos sociais muito pouco mudou para os negros, seja no Brasil, seja nos Estados Unidos, seja na própria África, que hoje, em nome do fundamentalismo religioso, tem dado sua contribuição em termos de opressão social. Procure na internet e veja vídeos de negros cortando os dedos de um negro homossexual com uma machadinha perante os aplausos de outros negros.
Então, quando se diz que “somos todos macacos”, há por trás dessa afirmação uma certa ironia com aqueles que insistem em propagar o seu racismo por meio dessa afirmativa tosca. Claro que somos todos macacos. Você, branquelo idiota que jogou a banana para o Daniel Alves também. Tá tudo lá, na “Origem das Espécies”. Mas você macaco branquelo que jogou a banana provavelmente não leu esse livro. Acho difícil que você tenha lido qualquer outro livro, inclusive. No máximo teve acesso a alguma interpretação tosca da Bíblia, como fez aquele fiscal de cu e rola que se diz deputado federal e pastor. Pois é, meu caro, você também é macaco, assim como eu, toda a humanidade e inclusive o papa e o deputado, embora eles acreditem no Criacionismo.
Se formos analisar nosso comportamento como seres humanos então, eu diria que os macacos se comportam melhor em sociedade, como bem destacou o amigo Rafa José, ao citar os bonomos. Inclusive, nós humanos somos exímios em selvageria quando o assunto é discriminação e bestialidade. Ontem mesmo li uma reportagem sobre prostituição de orangotangos na ilha de Bornéu. Sim, somos macacos muito piores que os próprios macacos.
Portanto, em minha modesta opinião de viado branco classe média, acredito que o movimento negro e a parcela da sociedade que acredita que o racismo é uma forma de expressão abjeta estão perdendo a oportunidade de esvaziar essa palavra do sentido pejorativo que ela tem.
Desde muito cedo aprendi a me defender desse tipo de “ofensa” pobre e gasta. Quando me chamam de viado, de bicha, de baitola, sempre respondo do mesmo jeito: “Ok, agora me ofenda, vamos ver se você consegue… Quem sabe me chamando de Bolsonaro… De Xuxa… De Reinaldo Azevedo…” A cada vez que falo isso, vejo sorrisos murchando, malícias se dissolvendo e rostos ardendo de vergonha. Porque a ofensa não está na palavra, mas na ideia que você receptor faz dela.
Uma cena do musical “Motown”, em cartaz na Broadway, expressa bem essa ideia. Em uma das cenas da peça, que conta parte da história da primeira gravadora independente de artistas negros nos EUA, está seu criador Berry Gordy e sua então mulher, a cantora Diana Ross. Os dois, que se chamam pelo vocativo “black” (o nosso nêgo e nêga, que mesmo nós brancos usamos para expressar carinho por quem amamos e de quem somos próximos), estão discutindo sobre contratos com um executivo branco. Diana então questiona por que se associar a um grupo de pessoas que se referem a eles pela palavra “nigger” (a plateia desse musical é majoritariamente de negros americanos de todas as classes sociais e, a cada vez que alguém diz “nigger”, ouve-se um “ohhhhhhhh” uníssono vindo dos espectadores). Mas a cena continua e Diana coloca Gordy na parede. Ele, então, responde: “The problem is not what they say, black… Is what they mean…” (O problema não está no que eles dizem, mas no que querem dizer…).
Aí está. Na 5ª temporada de “RuPaul´s Drag Race”, a finalista Jinxx Monsoon vivia repetindo para si mesma frases que a ajudavam a manter a compostura e a enfrentar as críticas dos juízes. Uma delas me chamou a atenção: “A ofensa está na ideia que você faz das coisas”.
De fato, quando eu parei de ver problema em me chamarem de viado e bicha, porque, afinal de contas, eu sou gay, viado, bicha, name it, parei de me ofender com essas merdas e passei ter pena dos idiotas que ainda acham que isso me derruba. Porque no fundo o racista, o homofóbico, o machista são todos uns merdas invejosos. Eles olham para a vida infeliz deles e precisam achar um culpado. Então, aquele torcedor ali olha pro Daniel Alves e vê um negão bonito, rico, bem sucedido no que faz, que conquista a mulher que ele quiser, que está na capa dos jornais e das revistas e precisa encontrar algo para falar mal. Aí ele faz o que? Vai naquilo que ELE acha que é um demérito: ser negro. Mas não há demérito em ser negro, tampouco em ser macaco, já que todos somos, então, onde está a ofensa? Na cabeça dele ou na sua? Para Daniel Alves, o problema está no torcedor. E ele está certíssimo, isso é ponto pacífico. Mas e o Neymar? Também está. Afinal, uma banana é só uma fruta, seu filho loiro também é um macaquinho e ele também vive recebendo ofensas racistas.
Tanto Neymar quanto Daniel Alves fizeram a opção que uma boa parte da comunidade LGBT já fez faz tempo: não se vitimizar com palavras. Quem se conhece e sabe de seu valor, não vira refém da maldade alheia. Simples assim. Então, quando alguém te chamar de macaco ou tentar te agredir por você ser negro, lembre-se de Darwin, chame a polícia e coma um banana enquanto o trouxa é preso, porque racismo é crime, banana é uma delícia e macaco é um bicho maneiro que deve estar muito ofendido ao ser comparado com seres “humanos”.
P.S.: Outro personagem que acabou entrando de gaiato nessa história foi Richarlyson. Um post, que alegam ser da cantora Gretchen, questionou por que todas as vezes que o jogador foi chamado de “viado” em campo ninguém criou hashtag #somostodosviados? Respondo: porque Richarlyson nunca comeu a banana em campo, ou seja, não saiu do armário como fez Daniel Alves. Como criar uma hashtag de apoio a uma pessoa que nunca se declarou gay? E como exigir que uma pessoa se assuma gay em um meio em que há tantos homofóbicos, negros inclusive?
Para refletir mais sobre esses assuntos, ouça Lado Bi nº 24 – Negros; Lado Bi nº 10 – Esporte.
Darwinisticamente falando não somos todos macacos, viemos de um ancestral em comum com os macacos.
Querer dizer que “somos todos macacos” a fim de expressar uma falsa igualdade também não serve, já que a luta do movimento negro é ser reconhecido e respeitado mesmo com nossas diferenças. Não, não somos todos iguais, e querer fazer com que as pessoas engulam isso a fim de que nos respeitem não é respeito real, é tolerância baseada em uma igualdade que não existe.
Você, homem branco, não pode e não deve dizer o que negros deveriam fazer para acabar com a opressão que lhes atinge. Não é porque você faz parte de uma minoria que vai automaticamente ganhar voz entre todas as outras. Saiba seu lugar dentro da luta contra racismo, vou te dar uma dica: não é como protagonista.
A apropriação e ressignificação de um termo pejorativo, como aconteceu com “viado”, como aconteceu com “vadia”, deve partir dos indivíduos que são diretamente oprimidos pelo termo, e não por quem não faz ideia alguma do que é ouvir um “MACACA” em alto e bom som. Se você parou de ver ofensa em termos homofóbicos, ótimo para você, fico muito feliz. Mas não se atreva a dizer para outras pessoas que são discriminadas diariamente como elas devem reagir ao racismo.
“Então, quando alguém te chamar de macaco ou tentar te agredir por você ser negro, lembre-se de Darwin, chame a polícia e coma um banana enquanto o trouxa é preso” é muita prepotência você, de cima de seus privilégios brancos, querer nos dizer o que fazer quando sofremos racismo.
Dá um passo pra trás, senta e deixa que nós, negros, façamos nossa própria emancipação. Quer participar? Ótimo, quanto mais melhor. Mas se for usar nossa opressão pra ficar ditando regra de como o movimento negro deve reagir e colocando a culpa na vítima através do termo “vitimização”, melhor não se meter.
Aqui não tem sinhô pra me dizer quando eu estou autorizada a ficar ofendida.
Cara, Stéphanie, eu posso dizer o que eu quiser a quem quer que seja. Eu vivo em um mundo livre de pensamento e posso escrever o que eu quiser. E você pode discordar. Agora, sinceramente, me espanta a falta de humor que vocês ativistas têm. E, especialmente, a falta de empatia. Realmente, quem sou eu para dizer o que é certo e o que é errado pra você? Mas o que escrevi aqui não é uma lei. É o compartilhamento de uma experiência. Você segue se quiser meu bem. Agora, saiba de uma coisa, quem está me colocando nessa posição asquerosa de “sinhô” foi você. Eu jamais me colocaria como “Sinhô” de ninguém, nem de líder do movimento negro nem de qualquer movimento. Se você quiser ficar ofendida, fique. Como você mesma disse é você que está SE ofendendo, não eu que estou TE ofendendo.
Primeiro que se seu humor for baseado em um termo racista eu não vou dar risada, eu vou apontar o racismo e mandar você parar. Não sou obrigada a rir da violência da qual eu sou submetida desde que nasci, muito menos de rir com quem me oprime todo dia.
Segundo que a única falta de empatia que surgiu aqui foi SUA, a partir do momento em que escreve um texto definindo como negros devem agir quando sofrem racismo, sendo que o movimento negro (pessoas negras, que SOFREM com o racismo e não que ouviram falar sobre ele) estão dizendo que é necessário agir da forma oposta a qual você está defendendo. Eu sou mulher negra e sei muito bem me colocar no lugar do outro quando estamos discutindo um assunto do qual eu não tenho domínio e que não sou obrigada a vivenciar (transfobia por exemplo), coisa que você não está sendo capaz de fazer.
E por último: de novo jogando a culpa do opressão em cima da vítima? Se você defende o uso de um termo que é historicamente racista, eu me ofendo e peço para você rever seus argumentos eu estou ME OFENDENDO? Isso é impossível. Pra começar que eu não tenho poder para ofender ninguém dentro de um contexto racial, muito menos a mim mesma (racismo é relação de poder. eu sou negra). E é muito fácil se livrar de uma acusação de opressão falando que a culpa é de quem se ofendeu.
E eu te coloquei na posição de sinhô pq é exatamente essa posição que você, enquanto homem branco, assume quando tenta ditar regra para o movimento negro. Você já está em uma posição privilegiada, e ainda vem achar que sabe mais do que nós que vivemos, estudamos e lutamos pela causa? Em uma das poucas áreas em que nós temos voz (ou deveríamos ter), você vem querer dizer “os negros poderiam seguir o exemplo…”. Não vamos seguir nada que uma pessoa que nunca na vida vai sofrer racismo está dizendo.
Reveja seus privilégios, para de ditar regra em realidades que você não conhece.
Em primeiro lugar, eu quero que você mostre no texto onde eu disse que você é OBRIGADA a qualquer coisa. Eu não defini como eles devem agir, disse que talvez poderiam agir assim. Expus minha experiência com o assunto e ponto. Agora, você faz o que você quiser. Mas eu te digo, Stéphanie, ser vítima da maldade alheia apenas nos faz mal, porque eles não vão mudar. E eu não acho que você precise ser trans para se compadecer do sofrimento de uma trans, nem preciso ser negro para me compadecer do sofrimento de um negro. E é exatamente por isso que escrevi esse texto sugerindo como exemplo o esvaziamento do discurso. Agora, quem está me colocando na posição de “sinhô” é você, não eu. Eu não disse que os negros são obrigados a fazer qualquer coisa que não queriam, disse apenas que, às vezes, há modos mais eficientes de se combater a burrice e ignorância. Sério, se eu fosse passar o resto da minha vida me ofendendo toda vez que me chamassem de “viado”, não faria mais nada. Também não disse que você deve rir de piada ruim e sem graça, disse que você pode desconstruir o agressor pelo discurso. É isso o que eu escrevi apenas. Agora, se você acha que porque sou branco isso me desautoriza e te dar um conselho, uma palavra de autoestima só porque não sofri racismo (embora tenha sofrido homofobia em todas as instâncias possíveis, físicas inclusive) e acha que qualquer coisa que eu te diga é uma ordem, não sou eu que tenho que rever meus conceitos sobre racismo.
Olha, eu tava olhando outros textos seus e pelos comentários já vi que você é bem difícil quando se trata de opressões que você não vivencia.
Acho que vc não entendeu o que eu falei sobre trans, eu não disse que preciso ser trans para me compadecer com transfobia, assim como não acho que você precisa ser negro para lutar contra racismo. O que eu disse é que quando estou discutindo medidas para combater um preconceito que não me atinge diretamente eu escuto e aprendo com quem vivencia, e não faço textos desconstruindo o que o transfeminismo fala, muito menos sugerindo que mulheres trans aceitem e ressignifiquem expressões que elas já disseram que são inadmissíveis. Isso é de uma extrema falta de respeito, eu não consigo me imaginar fazendo isso com mulheres trans e por isso não consigo entender como você conseguiu construir um texto nesse sentido.
Me ofender quando me chamam de macaca não me impede de nenhuma ação, muito pelo contrário. Quando eu me posiciono e estabeleço quais termos eu aceito e quais eu não admito eu estou sim lutando pela minha voz, lutando pelo respeito e lutando para desconstruir o racismo. Uma coisa não anula a outra.
Homofobia e racismo não são opressões comparáveis. Cada uma tem um histórico bem diferente da outra. Sofrer homofobia não te valida a discursar sobre racismo (a não ser que você tbm fosse negro, aí seria uma dupla opressão).
Vou parar a conversa por aqui pq eu acreditei que você iria perceber o nível da falta de respeito que é sugerir que a gente dê outro significado para o xingamento de macaco, mas tá faltando empatia aqui, e não é só nesse texto.
Bom, se você precisa de uma opinião de uma trans para validar meu texto, aqui está: https://www.facebook.com/sonique.love/posts/10203910329587682
Eu, repito, não disse em nenhum momento que é legal e aceitável chamar alguém de macaco, e tampouco farei isso. Então, não vejo o erro de que você me acusa. Só queria que você me explicasse porque minha visão sobre a igualdade da violência que sofremos é equivocada. Negros, gays, mulheres, transexuais e todos que sofrem preconceito o sofrem por algo que não escolheram: seu corpo. E esse preconceito é fundamentado, em geral, por religiões. Então, como estamos no mesmo barco, deveríamos tentar nos ajudar e trazer nossas experiências como exemplo para ajudar nosso pares. São história bem diferentes, mas com uma origem em comum. Mas claro que quando eu digo isso, eu tiro o poder de muita gente que se acha dona deste ou daquele ativismo. Mas eu o tiro para dar a cada indivíduo, não para pegá-lo pra mim, mas, como cometido o pecado de nascer branco, isso me desautoriza, porque, por definição, sou opressor. Depois é em mim que falta empatia…
[…] podemos citar a polêmica em torno de #somostodosmacacos, que levou muito ativista a pular miudinho por causa de uma expressão que pode ter outros […]
Cara, eu sou um pessoa comum, simples, sem dinheiro, com boa educação e fiz o 2º grau. Pra mim, não faz diferença se você é pardo, preto, branco, gay, somos todos HUMANOS. Mas você dizer “para quem, como eu, acredita na teoria evolucionista de Darwin, é muito óbvio que todos nós sejamos, em última instância, macacos”, tenho certeza que Darwin se virou no túmulo. E dizer “Você, branquelo idiota que jogou a banana para o Daniel Alves também. Tá tudo lá, na “Origem das Espécies””, só provou que você não leu nem o prefácio do livro Origem das Espécies, pois leria que Darwin nunca disse que os humanos descendem dos macacos, o que ele disse foi que os humanos e os macacos têm um ancestral em comum, o que é completamente diferente. O que obviamente não absolve quem jogou a banana para o Daniel Alves, pra mim, ele teria que ser identificado e julgado por racismo. E garanto que seu texto teria ficado perfeito com a pequena modificação não contestando a ciência, que se baseia em fatos. No resto, concordo inteiramento com você. Parabéns.
Por melhor que seja a intenção, fato é que internalizar o preconceito não o diminuirá, só fará com que se naturalize. Seria o mesmo que dizer que para acabar com o preconceito, basta parar de falar sobre ele. Você pode se sentir assim em relação à homofobia, de que se aceitarmos o termo ele parará de surtir efeito, mas isso não é algo genérico e, arrisco dizer, não é válido.
A atitude do jogador foi interessante e válida, mas propor que se aceite para diminuir o racismo é inocente demais.
PS: Todas as pessoas são preconceituosas. Dentro do grupo GLBT, por exemplo, existe a hipersexualização dos negros (vide “negão de pau grande”), o que também configura uma forma de racismo.
Parece que o porta dos fundos leu sua reportagem James!
No vídeo do “Viado”, né? heheheh
Legal, mas quando vão discutir o racismo (implícito e explícito) nos meios LGBTs? Quando vão apontar a questão do eurocentrismo e da caucasonormatividade na publicidade voltada a essas pessoas? Quando vão se libertar da imagem de homossexual liberal americanicista? São tantos problemas que existem dentro desse grupo denominado LGBT. É irônico querer apontar ou achar erros nos outros quando isso não é trabalhado pelos próprios militantes e empresários LGBTs. Enfim.
Unir-me às feministas? Não, obrigado. Até porque elas não mudam seu discurso de que todo homem é opressor, que somos potenciais estupradores, não importa se você é homossexual, negro, pobre ou qualquer outra coisa. Seremos sempre opressores por sermos homens. Não importa se sou eu, o autor do texto, o Joãozinho, o machão, o afeminado, o militante queer e qualquer homem neste país deve trabalhar mais tempo e contribuir mais para que mulheres aposentem mais cedo. Mesmo que eu nunca vá casar com uma mulher, que divida as tarefas, que tenha uma expectativa de vida menor e tenha tripla tornada (trabalho, estudo e moro com meu parceiro).
Feministas sendo feministas:
https://fbcdn-sphotos-a-a.akamaihd.net/hphotos-ak-frc3/t1.0-9/1185396_774596495885026_841622751_n.jpg
http://apaginavermelha.blogspot.com.br/2014/03/brasil-pornografia-pedofilia-e.html
*tripla jornada.
Em primeiro lugar, já discutimos o racismo nos meios LGBT em vários textos aqui e continuaremos a discuti-lo. E por que eu deveria me libertar da imagem de homossexual liberal americanista? Eu me identifico com o ativismo politico dos gays americanos e europeus e acho que ele é um exemplo a ser seguido por nós aqui, que não temos qualquer consciência de classe, que nos acovardamos diante das agressões, que nos permitimos ser racistas, misóginos, homofóbicos e classistas. Não digo que eles são perfeitos, mas que estão mais avançado isso é sem dúvida. Sim, unir a luta dos negros, dos LGBT, das mulheres, dos deficientes, dos pobres porque é a mesma luta, uma luta por igualdade de direitos e respeito. Mas enquanto esses grupos agirem feito fanáticos dono da verdade, nada vai mudar. Enquanto cada um ficar em seu cantinho querendo posar mais de vítima que o outro só vai existir bate boca de comadre. Também sou contra o radicalismo do movimento feminista, mas isso não significa que eu não me solidarize à causa das mulheres.
“Em primeiro lugar, já discutimos o racismo nos meios LGBT em vários textos aqui e continuaremos a discuti-lo”
Bem, não parece já que a publicidade e modelos usados em sites, blogues e revistas direcionadas a esse público faz uso praticamente de modelos fotográficos brancos ou claros. Tive o desprazer de folhear uma revista Junior (uma espécie de revista Cláudia gay) na casa de um conhecido e não encontrei nenhum modelo negro; o máximo foi um pardo claro. Isso, num país onde mais de 50% da população se define como negra ou parda.
“Eu me identifico com o ativismo politico dos gays americanos e europeus e acho que ele é um exemplo a ser seguido por nós aqui, que não temos qualquer consciência de classe, que nos acovardamos diante das agressões, que nos permitimos ser racistas, misóginos, homofóbicos e classistas”
Como se esses problemas já tivessem sido solucionados nesses países né. O fascismo ascende na Europa junto com o racismo, a xenofobia e radicalismo religioso (principalmente o islâmico) e até hoje o casamento homoafetivo não é reconhecido nos EUA (exceto em alguns estados); realidade esta se repete na Alemanha, na Finlândia, na Suíça, na Áustria e em diversos outros países da Europa. Mas eles não são os brancos civilizados? Somos tão colonizados e adestrados que pensamos que esses países e lugares são sempre melhores. Será que somos assim tão sem consciência? E as últimas conquistas? Como isso foi possível? Em qual país é realizada a maior para LGBT do mundo? (e olhe que os EUA têm uma população muito maior que a nossa). É o mesmo caso do movimento dos direitos civis nos EUA, o movimento negro no Brasil e o pan-africanismo (este último, ironia das ironias, é uma invenção europeia). Cada país tem suas peculiaridades. Podemos aprender com a experiência dos outros, mas sem a necessidade de copiá-los. Até porque os movimentos afro-americano e LGBT estadunidenses não exportam apenas uma luta ou algumas palavrinhas; há todo um mercado por trás disso que vai junto, como música, modismo, roupas, estilos de vida; promova-se uma colonização cultural, uma espécie de disneyficação do mundo. Tá aí a Fundação Ford e tantas outras entidade que escondem seus interesses escusos. Essa americanização é tão ridícula, superficial e incoerente que o prof. Daniele Conversi diz que os outros povos “imitam algo que eles nem mesmo compreendem”.
Sobre o feminismo, continuo não apoiá-lo justamente por achar que esse movimento está se radicalizando tanto, que acabará por se sucumbir. Perdi a paciência com uma radfem (feminista radical) que alegou não achar injusto as diferenças nas licenças paternidade e maternidade. Claro, se dois homens resolvem adotar uma criança e um casal de lésbica resolve fazer o mesmo, tá explicado essa diferença. Muito lógico. Homens seguem sendo opressores e blá blá blá. Sigo não sendo veadinho de estimação de feminista e não nasci para ser frouxo ou capacho.
Um abraço e bom sexta-feira.
http://www.planetagora.org/english/theme4_suj2_note.html
*boa
Washington, apesar de discordar quando você atribui ao autor do texto um reforço na visão estética eurocêntrica devido à suposta ausência de debate desse assunto, ou mesmo de uma crítica mais direta por parte deste, concordo e penso da mesma forma quando você toca num assunto espinhoso para o público gay: a defesa do feminismo. Tenho amigos gays que tendem a apoiar quase que irrestritamente as bandeiras feministas radicais, ao mesmo tempo em que não se percebem como vítimas dos efeitos colaterais do feminismo nefasto que nega direito aos homens e exclui deveres das mulheres. Afinal, para esse movimento, crescente, o homem é o inimigo, independentemente da situação desse homem. Lembro de uma entrevista com a senhora Maria da Penha, a que sofreu o caso que inspirou a lei, em que indagada se concordava com a aplicação da lei a casos de agressão de homossexuais a seus parceiros/maridos/namorados, demonstrou sua aversão ao gênero masculino respondendo que discordava totalmente, tendo em vista a já existência de leis que tipificam a agressão entre duas pessoas (muito mais brandas do que a Lei Maria da Penha). Ou seja, daí é possível extrair uma conclusão clara, a luta nunca foi pelo fim da violência doméstica, a luta é pela elevação das mulheres ao patamar de intocáveis donas da sociedade e do rebaixamento dos homens a “escravos”, sujos e vis, ou seja, o inimigo, que deve ser combatido cegamente.
E aí, Hugo. Então, continuo firme na defesa de que militantes e empresários LGBTs vendem um estilo de vida baseado na cultura estadunidense e norte-europeia (poderíamos dissertar sobre isso durante dias). Mas que bom que você concorda com a minha crítica ao feminismo. Não tiro um a vírgula do que você disse.
Um abraço.
Eu nao sou macaco e tao pouco vim do macaco, eu sou a imagem e semelhança de Deus. Da mesma forma que ele criou os animais assim tbm criou o homem a sua imagem, onde veio do pó! Gosto de banana sim, mas nao vou usar como desculpas para dizer que sou tbm macaco.
Eu quero saber o que é que crente vem fazer em blog de Darwinista…
“Amigo” antes de se dizer amante da teoria evolucionista de Darwin, faça uma leitura da mesma com maior cuidado. Darwin nunca afirmou que o homem veio do “macaco”, o que a Teoria da Evolução diz é que existe um ancestral comum entre o homem e os primatas e esse ancestral nao era “macaco” nem tão pouco homem.
Ah, a ironia, essa disciplina que não ensinada nas escolas. Meu caro, será que eu vou ter que desenhar aqui para você? Você acha mesmo que eu acredito que sejamos todos macacos? Conhece semiótica? Conhece polissemia? E, por favor, não me chame de amigo, com ou sem aspas, poupe-me desta ironia, pelo menos.
Gostei do seu texto em geral, porém o racismo contra os negros não pode ser comparado com os demais preconceitos contra o gay, o judeu, o nordestino. Porque existe toda uma história de séculos de opressão, violência e exploração que acabaram com a auto-estima desse povo. O judeu tem orgulho de ser judeu, boa parte deles são ricos, cientistas renomados. Um homossexual nunca será confundido com o garçom numa festa chique. E quando no final do seu texto você diz ” um mundo em que há tantos homofóbicos, inclusive negros” Por que, um negro não pode ser homofóbico, só porque ele é negro. Um negro não pode escravizar, matar, oprimir, então ele não é homem com toda suas virtudes e defeitos. Um judeu agora tem que amar os negros, o gay tem que gostar dos judeus. Por que o que a maioria das pessoas quer ver é ter o negro para servir e o gay para diverti-los e um judeu para emprestar dinheiro e depois jogar a culpa nele pelo seu endividamento.
Gisele, eu sinceramente acho que um negro não deve ser homofóbico, assim como um gay não deve ser racista e uma mulher não deve ser machista. Mas infelizmente, quando o assunto é ser uó, o ser assim dito humano é realmente surpreendente. Eu acho que o preconceito contra gays, mulheres e negros, embora tenha configurações diferentes, tem uma origem comum: a religião. Embora mais tarde o preconceito contra negros tenha obtido um respaldo científico, provavelmente influenciado pela economia e endossado pela religião. E acho que tanto nas origens quanto nos efeitos, esses três preconceitos se igualam, porque todos apelam para a desumanização e a bestialização. Sim, piranha, galinha, macaco e viado têm o mesmo objetivo, igualar-nos todos a animais, a bestas. Quando eu proponho a universalização do termo macaco, pretendo desumanizar a humanidade toda, não por meios biológicos, porque isso seria ridículo, mas por meios semióticos.
O mundo está no fim!
Pior que não, Angelo. Segundo os cientistas ainda tem uns bons milhões de anos pela frente, então a gente tem que consertar aqui e agora pra viver melhor. 🙂
Chamar um homossexual de “viado” e chamar um negro de “macaco” são preconceitos com histórias completamente distintas. No primeiro, condena-se a conduta (há quem diga que a palavra vem de “transviado”, e não do animal); no segundo, nega-se a humanidade. Remete-se, aqui, a um tempo em que pessoas negras eram expostas em zoológicos. A proposta de que o movimento negro se aproprie da palavra “macaco” pode até ser bem-intencionada, mas acho que não cola. Assumir-se “viado” é afirmar que minha orientação e minha conduta sexual são diferentes da tua e não são necessariamente ruins. Assumir a designação “macaco” como marcador de diferença é muuuito mais problemático.
Então você não entendeu o texto. Ele diz que o uso da palavra macaco é para marcar a igualdade. Todos somos macacos, brancos inclusive. O uso é esse. Eu jamais sugeriria que alguém se apropriasse de um termo para destacar sua diferença. O uso do termo viado, no meu caso, é feito para assumir o que sou, sem vergonha, pq não acho ofensivo. E se todos somos macacos (a premissa do clássico “Planeta dos Macacos, inclusive) também não há ofensa porque acaba-se com a distinção. E preconceito para mim não tem distinção. Preconceito é preconceito e acabou. A partir do momento em que pararmos de setorizá-lo e adotá-lo como problema de todos e não como problemas distintos por classe ele irá diminuir. Mas isso não existe ainda porque os movimentos se apropriam da luta como profissão de fé, e aí vira fanatismo. Eu dei uma sugestão que funciona para a minha vida. Optei por não ser refém dessas piadinhas gastas e pedestres. Sugiro que os negros façam o mesmo. Mas se eles quiserem continuar a alimentar o monstro e dando motivo para que os racistas a exprimir sua pobreza de espírito, o mundo é livre. E, como eu disse no texto, racismo é crime. Basta chamar a polícia.
Eu não entendi teu texto e você não entendeu a luta do movimento negro. Igualar todos os seres humanos como “macacos” é solução de “homem cordial”, bem ao gosto de Luciano Huck (que, aliás, só contrata modelo branca pras vender as camisetas dele). Não precisamos de “macaco” como marcador de igualdade: já temos “ser humano”. É por isso aí que, infelizmente, ainda temos que lutar.
Querido, para mim não existe a luta do movimento negro, existe a luta contra o preconceito, que deveria unir negros, LGBTs, feministas e quem mais for vítima desse câncer. Setorizar lutas apenas separa. E para mim essa não é uma solução de homem cordial, é uma solução de homem pensante e sagaz. Quanto a Luciano Huck, meu querido, eu nada tenho a ver com esse trouxa e acho um tremendo desserviço que vocês deem a ele mais e mais visibilidade em vez de discutir o que é essencial. Nós LGBTs entendemos muito bem a luta dos negros e por isso usamos o argumento do racismo para justificar a aprovação do PLC-122. O movimento negro que não parece ter entendido a luta dos LGBT, afinal de contas quando a comunidade LGBT organizou as passeatas contra a permanência do Feliciano na CDHM, não foram os negros que engrossaram a passeata. E eu estava torcendo para que eles fossem em grande número (afinal há muito mais negros que gays) e se posicionassem contra o racista homofóbico. A única exceção foi a Bahia, que conseguiu juntar 300 (!!!!) pessoas da comunidade negra, no Estado que tem a maior concentração de negros do Brasil. Isso porque há muitas representações políticas da comunidade negra que são EVANGÉLICAS. Então, não me venha falar que eu não entendi a luta do movimento negro porque eu sou um dos atores dessa luta, mesmo sendo branco. Agora, se você acha que por eu ser branco isso me desautoriza a lutar pelos direitos dos negros, a opinar em favor deles e a criticá-los ou mesmo sugerir outras táticas de luta, não é o meu discurso que parece racista. “Ser humano”? O que é isso? Já inventaram?
James, para você pode não existir luta do movimento negro, mas ela existe. E se não se importa com que esse movimento diz sobre si mesmo, você é mais um homem branco escolhendo o que nós negros devemos achar o que é preconceito ou não, onde deve doer em nós ou não.
Eu não estou escolhendo nada, estou apenas sugerindo. E eu estou dizendo que existe, para mim, a luta pelo fim do preconceito, seja contra negros, seja contra gays, seja contra mulheres, seja contra nordestinos. Meu discurso é de coalizão. O seu é de setorização. Se vocês querem continuar se doendo com a estupidez dos outros, é uma escolha sua. Eu optei por não ser vítima disso. E o Daniel Alves também (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/04/140430_entrevista_daniel_alves_la_an.shtml). Agora, daqui a pouco eu vou ver gente do movimento negro dizendo que o Daniel Alves é um homem cordial. Um instrumentalizado pelo capitalismo e blá blá blá. Porque, para vocês, o combate ao racismo só funciona sob os seus moldes. Agora, olha só, já parou para pensar que talvez os seus moldes não comportem mais a complexidade do tema em um mundo em que há gays homofóbicos, negros racistas e mulheres machistas? Mas eu entendo que tem gente que não saberia viver sem ter um preconceito contra o qual lutar. Eu dei um exemplo, o meu, e sugeri uma expediente chamado de ressignificação (afinal, essa discussão toda é sobre um signo, uma palavra, certo?), que eleva a autoestima do agredido e que desmoraliza o agressor. Se você acha que não serve, que gays e negros são coisas totalmente diferentes e que um não pode aprender com a experiência do outros, a escolha é sua. Enquanto houver panelinhas políticas querendo determinar quem pode ou quem não pode aderir a uma luta que é de todos, a luta dos movimentos será vã e inócua. E quem está dizendo o que eu posso ou não fazer é você, não eu. E vou continuar a criticar o movimento negro, o movimento LGBT, o movimento feminista tantas e quantas vezes eu achar que for necessário.
Até o Daniel Alves entendeu: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/04/140430_entrevista_daniel_alves_la_an.shtml
James, eu escrevi um texto que dialoga com o teu.
http://adriano-q.blogspot.com.br/2014/04/a-diferenca-entre-o-veado-e-o-macaco.html
Abraço.
Oi Adriano, vamos lá. Eu li seu texto e discordo de você quando você diz que os preconceitos são diferentes e que chamar alguém de viado é menos desumanizante que chamar alguém de macaco. Acabei de dizer para a leitora Gisele aqui em cima que, embora com configurações diferentes, a origem do preconceito contra gays, negros e mulheres tem uma origem comum: a religião. Embora o preconceito contra negros tenha se estendido em um momento da história à comunidade científica, ele foi justificado economicamente e endossado pela religião. Nos efeitos, o preconceito contra essas três classes de pessoas também é o mesmo: a bestialização e a desumanização. Macaco, piranha, galinha, viado são todos animais/bestas, certo? Aí você diz que quando se chama alguém de viado você está se referindo apenas à masculinidade, mas que as pessoas ainda te reconhecem como humano. Mentira. As pessoas te reconhecem como uma besta dominada pelo instinto/vício pelo sexo. Tanto é verdade que os fundamentalistas religiosos quando querem justificar a proibição do casamento igualitário usam a seguinte frase: “Daqui a pouco vai ter gente querendo se casar com cachorro, com gato…” As lutas contra o preconceito têm todas o mesmo objetivo: o direito à igualdade de direitos, por isso que digo que não existe a luta dos negros, dos LGBT, das mulheres. Existe apenas uma luta. E enquanto os oprimidos não se conscientizarem disso e ficarem setorizando e comparando sua dor para ver quem sofre mais e quem sofre menos, a vida dos gays, dos negros, das mulheres continuará patinando nos mesmo equívocos históricos. Luta política não depende de autorização dos movimentos porque os movimentos não são donos do ativismo, que pode ser coletivo ou individual. Eu continuarei a bestializar o ser humano sem qualquer distinção enquanto ele continuar a se comportar como uma besta, porque não é o título de ser humano que vai nos tornar humanos, mas nossas atitudes. E se um dia eu vir alguém chamando um negro de macaco, vou virar e dizer: “Cala essa boca porque você também é macaco, ô branquelo, todos os homens são, então fica na tua que se você disser essa boca é minha eu chamo a polícia.”
Algumas observações: Africa não é um País ok!!!! Parem com isso, diversidade religiosa existem em todos os países do mundo. Legal você não ter nada contra ser chamado de viado, mas quando tem ofendem, ofendem a você. Quando alguém chama um menino negro de macaco estão ofendendo a ele e a todo sua família. Isto é bem diferente pode acreditar! Por fim, as pessoas precisam ter muito cuidado, trabalho em um escola com 400 alunos, dentre eles muitos negros. Oque você sugere que uma menina de 10 anos faça ao levar uma banana durante a sua apresentação de dança?????
Perfeita a posição de Daniel Alves, o resto oportunismo! Pra que serviu???? O debate esta abertos, agora vamos evoluir e não regredir em nome de Darwin.
Em primeiro lugar eu quero que você aponte onde eu chamei África de país? Quando falei de homofobia usei África porque ela está virando lei em vários PAÍSES da África. E que história é essa de que quando me chama de viado ofendem só a mim? Acha que minha mãe não se sentiria ofendida, já quando um filho é viado em geral botam a culpa nela? Ora, moça, bem menos. O q eu faria quando um aluno joga uma banana durante a apresentação de uma aluna negra, em primeiro, expo-lo a um grande constrangimento exatamente usando o mesmo argumento do meu texto. “Você também é macaco.” Depois chamaria os pais e daria um tremendo esculacho. E para a menina eu diria exatamente o que eu escrevi aqui: “Meu amor, a ofensa está na ideia que você faz disso”. Você sabe que não é uma macaca e ele faz isso porque se sente inferior a você. No fundo, quem se comporta pior que um macaco é ele. É isso que eu diria.
Ótimo raciocínio. Foge da mesmice sobre o assunto. Aliás, quanta besteira se ouve por aí ! Mas é maravilhoso todo esse barulho! Quanto mais o assunto vir a tona, mais a ferida ficar aberta, mais chance de procurarmos a cura.
Eu amei seu texto, e concordo com tudo. Se eu que sou negra sou uma macaco você que é branco também, não só pelo fato da ciência, pq sou um ser humano, todos somos , e eu sou o que você é, sendo assim #todossomosmacacos !
Ótimo texto e muito bem colocada a crítica, mas Darwin, na verdad,e fala que macacos e humanóides tem o mesmo descendente, ou seja, não viemos do macaco… Mas vale a alegoria. Parabéns!
Exato. E evidências indicam que esse ancestral era mais homem que gorila, logo é mais correto dizer que o macaco veio do homem.
(Paralelamente, somos sim da mesma família, dos grandes primatas, junto com os bonobos, os gorilas, os orangotangos e os chimpanzés)
Acompanho este site e tenho lido coisas interessantes e as vezes até muito interessante, porém esse texto tem um problema político gravíssimo ao equiparar o preconceito de orientação sexual ao racismo.Desconsidera assim o racismo como elemento estruturante e mantenedor da sociedade vigente.acho lamentável, nós negros não adimitimos mais esse tipo de comparação.
Oi, Luciano. Acho que você não entendeu o que eu disse no texto. Veja bem, não estou dizendo aqui que agora tem que se tornar legal chamar negros de macacos. O que eu quis dizer é que agora os negros deveriam começar a chamar os brancos de macacos. Ora, os brancos racistas que chamam negros de macacos se baseiam em uma semelhança genética que temos com os macacos, certo? Compartilhamos com eles 97% do nosso DNA, independente da nossa cor de pele, certo? Então, se na concepção torpe de um branco racista negro são macacos, brancos também são. Não é o título que nos torna seres humanos, nem os 3% de DNA que temos diferentes do macacos, mas nossas atitudes. Com o termo “viado” foi assim que funcionou, não foi? Hoje se alguém me chama de viado, eu fico olhando esperando a ofensa. Como diz a RuPaul, uma drag queen negra, “se vc se deixa derrotar pelo que dizem, é porque você esqueceu quem você é”. Berry Gordy, dono da Motown, a primeira gravadora independente para artistas negros dos EUA, falou sobre a palavra “nigger”, que em inglês é super ofensiva: “O problema não está no que as pessoas dizem, está no que as pessoas pensam.” E o cara te xinga de macaco só vai te ofender se você deixá-lo te ofender. E como você impede um cara de te ofender, desconstruindo a lógica dele. O Daniel Alves deu declaração ontem à BBC dizendo que ele acha hipócrita criticar a campanha, porque o que está por trás dela não é a naturalização do termo para os negros, mas a extensão a todos, pois ela quer dizer que, no fundo, somos todos humanos.