“O lobisomem só era tolerado até sair do armário”

Autor de "Saramandaia" diz em entrevista ao UOL que usa o realismo fantástico para falar de preconceito

por James Cimino

O autor Ricardo Linhares participou tem umas duas semanas de um seminário que discutia o realismo fantástico na teledramaturgia. O evento foi na ECA-USP e durante o papo, Linhares contou que usa os personagens insólitos, como João Jibão (Sergio Guizé), dona Redonda (Vera Holtz) e o lobisomem (Gabriel Braga Nunes) para falar de preconceito na sociedade atual.

“Na primeira versão, o realismo fantástico era usado para falar de política e de repressão, já que a novela era exibida em plena ditadura militar. Hoje, eu uso para falar de preconceito. Veja o lobisomem, por exemplo. Todo mundo o tolerava enquanto ele estava no armário. Enquanto havia só suspeitas, tudo bem. Quando ele começa a se transformar na frente de todo mundo, as pessoas passam a discriminar.”, disse o autor. A íntegra da entrevista você lê aqui.

Outro caso que Linhares vai discutir na trama, indiretamente, já que o autor diz não gostar de se valer do panfletarismo, é o do padre Beto, excomungado por apoiar o casamento gay. Na novela, o padre da cidade sofrerá a mesma pena por casar o lobisomem com a cafetina Risoleta, interpretada por Débora Bloch.

E, ainda, Ricardo Linhares também falou que dona Redonda é a representação máxima do preconceito. Por isso, ela acaba explodindo nesta cena simplesmente perfeita.

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